A isenção da Embraer de uma tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros não é por acaso. Longe de ser um ato de benevolência, essa decisão reflete a profunda interdependência e a importância estratégica da empresa para a própria economia dos Estados Unidos. Entenda como a Embraer se tornou uma peça fundamental no tabuleiro global e como o câmbio favorável atua como um escudo contra o protecionismo.

Interdependência: A Peça-Chave para a Isenção

A principal razão para a isenção da Embraer é sua importância sistêmica para a aviação regional dos Estados Unidos. Cerca de um terço dos voos regionais no país são operados por aeronaves da empresa, com o modelo E175 sendo um pilar fundamental. Uma tarifa de 50% tornaria a compra de novos aviões financeiramente insustentável para as companhias aéreas americanas, comprometendo a renovação de suas frotas e, por consequência, a malha aérea e a conectividade de diversas cidades.

A isenção é um exemplo claro de como a interdependência econômica pode servir como um escudo contra o protecionismo. A Embraer, além de vender aeronaves, mantém uma vasta rede de fornecedores e operações nos EUA, gerando cerca de 13 mil empregos diretos e indiretos, segundo dados recentes. A empresa já anunciou planos de investir US$ 500 milhões no país nos próximos anos para expandir sua produção, o que solidifica ainda mais sua posição estratégica e mostra a intenção de se tornar um parceiro ainda mais integral do mercado americano.

O Câmbio e o Cenário Financeiro: Uma Análise Detalhada

Apesar da isenção da tarifa de 50%, a Embraer ainda lida com uma tarifa de 10% já em vigor. No entanto, a empresa tem conseguido mitigar parte desse impacto com um câmbio favorável. Com suas receitas em dólar, a valorização da moeda americana em relação ao real aumenta o valor da receita em moeda local, o que ajuda a compensar os custos adicionais e a proteger as margens de lucro.

Mesmo com um prejuízo líquido reportado no segundo trimestre de 2025, a Embraer mantém uma visão otimista. O CEO, Francisco Gomes Neto, afirmou que o impacto das tarifas não foi “materialmente significativo” para a empresa. Um indicativo da solidez da Embraer é seu backlog (carteira de pedidos) recorde de US$ 29,7 bilhões, o maior de sua história, com um crescimento de 16% ano a ano na aviação comercial.

Perspectivas e o Futuro do Setor

O setor de aviação global está em plena recuperação e crescimento. A IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) projeta que o setor alcançará lucros recordes de US$ 36 bilhões em 2025, com receitas superando a marca de US$ 1 trilhão pela primeira vez. A demanda por viagens aéreas continua forte, e a IATA estima que o número de passageiros chegará a 5,2 bilhões neste ano.

Nesse contexto, a Embraer está em uma posição única para capitalizar. A empresa é líder global no segmento de jatos de até 150 assentos, um mercado com uma projeção de demanda de 10.500 aeronaves nos próximos 20 anos, com a América do Norte liderando as entregas. Além de sua forte presença na aviação comercial e executiva, a Embraer também busca oportunidades no setor de defesa com o cargueiro militar KC-390, que está em negociação com 10 países.

A isenção da Embraer das tarifas mais altas não é apenas uma vitória da empresa, mas uma demonstração de como a posição estratégica, a inovação tecnológica e a interdependência econômica podem ser escudos poderosos contra o protecionismo. A empresa continua a se fortalecer, não apenas como uma fabricante de aeronaves, mas como um parceiro global essencial.



O ‘tarifaço’ de Trump não pegou a Embraer. Entenda a manobra estratégica da gigante brasileira que a tornou indispensável para os EUA e como o câmbio favorável protege suas operações.

#Embraer #Aviação #Tarifa #Trump #Economia #ComércioExterior #Câmbio #PolíticaEconômica #IndústriaAeronáutica #Brasil

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *